Um encontro cordial, de três músicos e oito violas.

8 violas, 85 cordas para 14 temas que combinam, sem estragar, instrumentos que têm em comum terem cordas de arame que são tocadas com os dedos sem recorrer a plectros. As afinações, diferentes das muitas viagens em que encontraram uma identidade própria, com repertórios, contextos e funcionalidades, percorrem toda a paleta do viver em comunidade: do sagrado ao profano, do cerimonial ao lúdico.

Há nestes três músicos marcas que merecem realce. Conhecem e amam a música dos seus países (Brasil e Portugal) e sabem que "todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades" Arriscam procurar improváveis relações, coincidências, em motivos melódicos e rítmicos, poesias e temáticas como pontos de partida para nos darem novas leituras de temas revelados nos títulos, mas que exigem uma enorme argúcia na sua descoberta, possível numa audição atenta.

Ao prazer dessa fruição em tempo real, acrescentam a escolha criteriosa de quais os instrumentos tocados em cada música, o diferenciado protagonismo de cada um deles e a contenção em recorrer a um virtuosismo que oculta o que de mais essencial é revelado.

À partida, havia três músicos com percursos e vivências diferentes, que se foram conhecendo. O prazer de tocar juntos, sem outro propósito que o de encontrarem novos caminhos para o que cada um sabe fazer, é uma das disciplinas de maior exigência na criação musical que se faz na improvisação e repetição, até se conseguirem resultados que agradem aos três protagonistas.

Em cada uma das músicas encontramos o tempo antigo das designações das províncias que organizavam o território português. Açores, Alto e Baixo Alentejo, Beira Baixa, Douro Litoral e o repertório brasileiro, que pertence já ao imaginário dos dois países.

A miscigenação das culturas nos media, nas redes sociais e no convívio de portugueses e brasileiros veio para ficar, gerando novos territórios à procura de novas designações e em que o primado de comunidades transterritoriais de valores, práticas partilhadas e energia para construir o futuro estabelecerão novas referências de pertença.

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