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Sandra Celas veio ao Algarve apresentar uma banda com alma

Depois de terem atuado na noite anterior na Casa do Povo de Santo Estêvão, no concelho de Tavira, os MurMur subiram novamente a um palco algarvio, desta feita na Sociedade Recreativa Artística Farense, na capital de distrito, para dar a conhecer um projeto musical assente na língua portuguesa e no pop/rock tradicional, mas com influências da música portuguesa contemporânea e de outros géneros que vão desde a música eletrónica ao jazz. Com a sala dos Artistas muito bem composto, baixaram as luzes e surgiu a vocalista ao centro, um rosto sobejamente familiar dos portugueses, Sandra Celas, uma surpresa extremamente positiva para quem apenas conhecia a sua faceta de atriz já com 14 anos de carreira. “Eu sempre cantei desde miúda, aliás, ando constantemente a cantarolar nas gravações e pelos corredores dos estúdios. Também já representei papéis na televisão e em peças de teatro em que tive que cantar e, há cerca de dois anos, cansei-me um pouco das rotinas, precisei de me reinventar”, começa por dizer.

Após um ano em que participou com regularidade em programas de televisão a cantar, tendo feito também um dueto com Zé Manel (Darko), pensou que estava na altura de deixar de interpretar os temas dos outros, de criar algo seu, e para isso desafiou Alex Cortez, membro carismático dos Rádio Macau. “Não tenho a escolástica musical, faço tudo por intuição, a ouvir as cantoras que aprecio, por isso, precisava de alguém que dominasse este meio. Falei com o Alex, ele foi um bocadinho na loucura, sem saber muito bem onde é que isto tudo ia dar, e a verdade é que resultaram coisas bastante giras”, prossegue o relato, sob o olhar atento do outro mentor do projeto. “Eu gosto de desafios e sabia que a minha carreira, enquanto músico, não se iria esgotar com os Rádio Macau, de maneira que o convite da Sandra foi extremamente aliciante. O teatro, voz e canto são coisas que se ligam com facilidade, tivemos depois um período para nos adaptarmos um ao outro, para tentar conjugar as ideias dos dois e começamos a compor. Felizmente, tivemos a sorte das ideias da Sandra funcionarem bem com as minhas e disso resultou um projeto do qual tenho imenso orgulho e que sinto que faz todo o sentido”, sublinha Alex Cortez.

MurMur que nunca pretenderam seguir as pisadas dos Radio Macau, embora haja, como é natural, alguns pontos de contato, nomeadamente no som pop/rock. Já as vocalistas têm personalidades bem distintas, assegura o baixista e compositor. “A Xana e a Sandra têm formas de cantar bastante diferentes, embora algumas pessoas digam que, às vezes, isto parece um pouco os Radio Macau. Julgo, porém, que fazem essa associação porque sabem do meu percurso, é o reflexo de ter a banda na minha vida”, analisa. 
 
Um projeto que, face à evolução que conheceu, sentiu a necessidade de incluir outros instrumentistas, assim aparecendo Filipe Valentim, Tiago Inuit e Luís Barros e nascendo os MurMur como uma banda de formato mais habitual. “A maior parte das letras são minhas, algo que não era suposto acontecer. Foi uma Caixa de Pandora que se abriu, porque eu queria simplesmente cantar e acabei por escrever letras e compor mais ou menos duas músicas”, revela Sandra Celas, originais que farão parte do primeiro álbum da banda e que têm vindo a ser apresentados ao público em vários concertos de norte a sul. “Eu também sempre gostei de escrever e acabou por ser uma orgânica natural, porque não estava a conseguir dizer com a minha boca as letras que eram feitas por outras pessoas. É uma banda onde se nota bastante a presença da palavra”, frisa.